terça-feira, novembro 02, 2010

Uma criança ao fazer um lanche em uma modesta casa comenta: "Aqui não falta nada. Lá em casa falta tudo".
Chama a atenção que a criança não usa o verbo ter/não-ter, e sim faltar/não-faltar.

Horas depois, na Band, o programa "A Liga" exibe a extravagância dos ricos brasileiros. No pet shop, existe patê francês para cães que tiveram dias estressantes. Iates, brincos, helicópteros. É assustador ver como tudo isso causa muita inveja e nenhuma indignação. É perturbador se dar conta de como a sociedade fechou os olhos para tamanha injustiça e acha tudo normal. É medonho pensar que desfrutar de tanto requinte não causa vergonha nenhuma e que essas pessoas estão revestidas de toda a proteção que a lei pode dar a elas. Embora os ideais 'liberais' pareçam justos e que esse cotidiano perdulário não transgrida em nada o nosso suntuoso ordenamento jurídico, custa-me acreditar que essas riquezas foram obtidas com justiça e que esses gastos sejam morais. Primeiro porque não há quem fique tão rico sem sangrar um pobre. Além disso, deveríamos nos perguntar que moralidade há em desfrutar de tanto requinte num país onde a maioria vive em completa exclusão social.
O que esperar do governo? o que podemos fazer enquanto sociedade civil para que aquela criança tenha alimentação digna, e que os ricos sintam um mínimo de constrangimento ao permitir que um cão tenha uma alimentação mais saudável que uma criança.

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