quarta-feira, setembro 23, 2009

Ciro Gomes e a redução da maioridade penal

Na madrugada de domingo para segunda-feira (21), o Deputado Federal Ciro Gomes participou de uma entrevista na Band, comandada pelo Jornalista Boris Casoy. Não acompanhei a entrevista na íntegra, o que é uma pena, pois me pareceu de excelente nível.

Perguntado sobre o que pensava a respeito da redução da maioridade Penal, Ciro negou quando a pergunta ainda nem havia sido concluída.
"Um Estado que não oferece creche às crianças e uma educação de qualidade aos jovens não tem o direito de prendê-los", respondeu taxativo. Complementou dizendo ser plenamente compreensível que um homem de bem deseje a punição severa de um menor de quem tenha sido vítima de violência. Entretanto "como um homem de Estado não posso concordar com isso", concluiu.

Destaco aqui não apenas a lucidez da resposta, mas também sublinho a coragem de assumir uma postura anti-popular. Suponho que seria muito mais aplaudido defendendo pena de morte para adolescentes, mas assumiu uma posição em que reconhece a fragilidade econômica e a crise educacional que caracterizam o momento.
Não menos digno de se destacar é a percepção de que a revolta e a indignação de uma vítima sedenta por vingança é aceitável e compreensível no âmbito psicológico, mas não deve se estender à esfera política, uma vez que a solução para o problema da violência exige um tratamento muito mais complexo do que o aumento das penas: é preciso neutralizar a sua causa, que certamente requer um projeto consistente para a educação e a redução das desigualdades.

O que eu realmente não esperava era ver um jornalista da expressividade do Boris nutrindo apreço por uma opinião tão limitada, apelando pela redução da maioridade penal sob um panorama notoriamente popularesco.
Algumas pessoas entendem que a prática da justiça se realiza na cadeia. Felizmente ainda há quem acredite que a justiça se efetiva na educação e na redução das diferenças.

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