A religião é um excelente objeto de estudo enquanto fenômeno social, expressão humana, como fazem as interessantes contribuições de Feuerbach, Marx, Freud e outros, mais especificamente à religião cristã, cuja maioria das críticas podem ser aplicadas sem prejuízo às demais.
No tocante à fé, penso ser esta passível de observações no âmbito da fisiologia, psiquiatria etc, mas julgar sua legitimidade é algo que ultrapassa os limites da razão.
A ciência pode até mapear as zonas cerebrais responsáveis pela fé, estimulá-las ou inibí-las, mas isso não confere autoridade nenhuma para afirmar ou negar a existência de uma divindade. Pelo contrário: dedicar-se a provar ou refutar a existência de Deus é uma empreitada que só demonstra ignorância quanto à diferença fundamental entre fé e conhecimento científico. Pura jactância!
Desse modo, imagino que os crentes que se estremecem diante do avanço da ciência, fazem-no sem motivo. "A religião não deve existir para tapar os buracos da nossa ignorância. Isso a desmoraliza", diz Gleiser, conforme já citei. Que diferença faz encontrar o elo perdido, decifrar todo o genoma ou ainda remontar o segundo que precedeu o Big Bang? Nenhuma! Portanto, não vejo o por quê tanto pavor diante da ciência.
Por outro lado, mesmo as mais brilhantes tentativas de demonstrar a existência de Deus parecem esconder um desesperado apelo para dar uma legitimidade desnecessária à fé. Não menos incômoda é a presunção com que alguns ateus estigmatizam a crença, identificando-a com a ignorância. Outro dia li em um fórum sobre darwinismo um declarado ateu pedindo quase pelo-amor-de-Deus que alguém o munisse com argumentos darwino-ateístas para que ele pudesse "humilhar" um crente. Perguntei-me que tipo de disposição faz com que alguém imagine ter tanta superioridade ao defender uma teoria que sequer entende suficientemente, apenas porque tem uma aparência de esclarecimento.
Penso que se Deus existe, é grande demais para ficar preocupado se as pessoas ainda crêem ou não nele. Imaginar um Deus tão carente só aponta para uma imagem mais antropomórfica!
Por fim, um pequeno fragmento de Ensaio sobre o homem, de Ernst Cassirer:
No tocante à fé, penso ser esta passível de observações no âmbito da fisiologia, psiquiatria etc, mas julgar sua legitimidade é algo que ultrapassa os limites da razão.
A ciência pode até mapear as zonas cerebrais responsáveis pela fé, estimulá-las ou inibí-las, mas isso não confere autoridade nenhuma para afirmar ou negar a existência de uma divindade. Pelo contrário: dedicar-se a provar ou refutar a existência de Deus é uma empreitada que só demonstra ignorância quanto à diferença fundamental entre fé e conhecimento científico. Pura jactância!
Desse modo, imagino que os crentes que se estremecem diante do avanço da ciência, fazem-no sem motivo. "A religião não deve existir para tapar os buracos da nossa ignorância. Isso a desmoraliza", diz Gleiser, conforme já citei. Que diferença faz encontrar o elo perdido, decifrar todo o genoma ou ainda remontar o segundo que precedeu o Big Bang? Nenhuma! Portanto, não vejo o por quê tanto pavor diante da ciência.
Por outro lado, mesmo as mais brilhantes tentativas de demonstrar a existência de Deus parecem esconder um desesperado apelo para dar uma legitimidade desnecessária à fé. Não menos incômoda é a presunção com que alguns ateus estigmatizam a crença, identificando-a com a ignorância. Outro dia li em um fórum sobre darwinismo um declarado ateu pedindo quase pelo-amor-de-Deus que alguém o munisse com argumentos darwino-ateístas para que ele pudesse "humilhar" um crente. Perguntei-me que tipo de disposição faz com que alguém imagine ter tanta superioridade ao defender uma teoria que sequer entende suficientemente, apenas porque tem uma aparência de esclarecimento.
Penso que se Deus existe, é grande demais para ficar preocupado se as pessoas ainda crêem ou não nele. Imaginar um Deus tão carente só aponta para uma imagem mais antropomórfica!
Por fim, um pequeno fragmento de Ensaio sobre o homem, de Ernst Cassirer:
Por seus adversários, a religião sempre foi acusada de obscuridade e incompreensibilidade. Mas tal acusação torna-se o mais alto louvor tão logo consideramos a sua verdadeira meta. A religião não pode ser clara e racional. O que ela relata é uma história obscura e sombria: a história do pecado e da queda do homem. Revela um fato para o qual nenhuma explicação racional é possível. (...) A religião, portanto, nunca pretende esclarecer o mistério do homem. Ela confirma e aprofunda esse mistério. (...) A religião não é nenhuma 'teoria' do Deus e do homem e da sua relação mútua. (...) Portanto, por assim dizer, a religião é uma lógica do absurdo, pois só assim pode apreender o absurdo, a contradição interna, o ser quimérico do homem.
Ernst Cassirer in: Ensaio sobre o homem.
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