quinta-feira, abril 16, 2009

A arte de não ter razão.

Lembro-me de um livro de Schopenhauer chamado "A arte de ter razão". Diante de um título tão sugestivo, deparamo-nos com uma filosofia que tem propósito diametralmente oposto. Aliás, não tem propósito! A filosofia, arriscaríamos dizer, é a arte de não ter razão.
Ao discurso filosófico não interessa chegar a conclusões. Colocar ponto final em um conceito seria tão pernicioso quanto contaminar a água que corre límpida e refrescante, tornando-a imprópria para o uso.
Aquele que procura ter razão não tem motivos para discutir. Filosofia, ao contrário, é abertura. É preciso a perene noção de que a filosofia se interessa mais pela pergunta do que pela resposta.
E nisto consiste todo o seu valor: a procura constante, inquieta, em tormentos.
Para aqueles que querem convencer, que procurem as ciências. Aqueles que procuram ter razão, aliem-se ao direito e à retórica.
À filosofia, que dediquem os perturbados, inquietos, conscientes da própria ignorância. À filosofia dediquem-se os fracos de coração, os submissos, os que ainda não encontraram seu papel nesse mundo, aqueles que estão sempre em conflito. À filosofia, debrucem-se apenas aqueles que não estão certos de coisa alguma!

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